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  • Writer's pictureEscola Lydia Yvone

ELETIVAS 6º E 9 ANO PROFª JULIANA 28 Á 09/10

ATIVIDADES DE ELETIVAS

Texto para as questões de 1 a 7.

O rumor é a mais veloz das pragas malignas”, escreveu Virgílio, no Livro IV da Eneida “Horrendo monstro de pés rápidos, desconhece o sono, rasga a noite e aterroriza cidades inteiras com sua mistura indiferente de

mentiras e verdades”. Não precisamos recorrer à mitologia para constatar que a propagação de notícias falsas é um costume tão antigo quanto a palavra escrita − e talvez coetâneo de toda comunicação humana. Platão, na República , apregoou a disseminação de “nobres falsidades” como necessário cimento social para sua utopia de déspotas filosóficos. Em 1522, o grande e desbocado poeta Pietro Aretino tentou tumultuar as eleições papais publicando infâmias imaginárias sobre os candidatos; na Inglaterra e na França do século XVIII, caluniadores profissionais distribuíam misturas bem dosadas de notícias reais com ficções comprometedoras, em temíveis panfletos que vindicavam desavenças pessoais ou inimizades políticas. Ou seja: as fake News − expressão vaga, que adoto com relutância − não surgiram com as redes sociais. Por outro lado, um breve lance de olhos ao cotidiano virtual é suficiente para demonstrar que as novas tecnologias alteraram a forma (ou a rapidez) com que essa antiga praga nasce, apodrece e Germina. “O que é a verdade?”, indagou Pilatos a Jesus Cristo; mas não teremos espaço para responder ao legado da Judeia. Fiquemos, então, com o seguinte truísmo: com todas as ferramentas de pesquisa hoje disponíveis, é relativamente fácil, mesmo ao mais distraído consumidor de rumores, detectar informações suspeitas ou infundadas.

Ainda assim, a mentira − ou sua irmã mais perniciosa, a meia‐ Verdade − tende a prosperar. Em março (de 2018), a revista Science divulgou uma pesquisa assustadora sobre a propagação de notícias inexatas na Internet. Após analisar 3 milhões de compartilhamentos no Twitter entre 2006 e 2017, um grupo de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts concluiu que informações adulteradas têm probabilidade de disseminação 70% maior que as notícias simplesmente factuais. A acreditarmos na pesquisa, basta que uma notícia seja falsa para que tenha mais possibilidade de triunfo. É como se o “horrendo monstro de pés ligeiros” fosse uma sereia cuja sedução aumenta conforme o tom do falsete.

Os mesmos mecanismos que permitem a multiplicação quase instantânea da falsidade podem servir para desbancá‐la e desmascará‐la, com idêntica rapidez mas isso não resolve o problema, pois quem hoje é paladino da verdade pode ser o propagador de notícias falsas da semana que vem. Para derrotar o monstro, é preciso admitir que ele existe − e que está no meio de nós.

Não somos inocentes, todos gostamos, às vezes, de uma pitada Confortável de imprecisão, de uma cálida meia‐verdade que nos afague as crenças. Dessa volúpia inata à espécie, só nos salva o Ascetismo mental: resistir à rumorosa sereia é lutar contra a própria natureza humana. Uma luta sem quartel − e que, por definição, não acabará

jamais.

José Francisco Botelho. História cultural das fake News In Revista Veja. São Paulo, Editora Abril, edição 2.575, ano 51, n.13, 28 de março de 2018, p. 103 (com adaptações).

1. O termo “fake news”, emprestado da língua inglesa, tem sido muito usado para fazer referência a notícias não confiáveis e de rápida repercussão nos meios digitais. Em relação às ideias apresentadas no texto sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.

(A) O costume de espalhar rumores mentirosos sobre as pessoas é muito antigo, nascido com a invenção da escrita, e recriminado desde sempre, a exemplo dos textos escritos sobre a mito lógica clássica por autores Como Virgílio e Platão.

(B) A divulgação de notícias que misturam indiferentemente mentiras e verdades para influenciar eleições e prejudicar inimigos políticos foi uma prática comum ao longo da história da humanidade e, tão necessária, que chegou a se tornar uma profissão.

(C) Os antigos rumores e as atuais “fake news”, apesar de terem como fundamento a mistura de realidade e ficção a serviço da difamação, são bastante diferentes no modo de divulgação: sendo invenção restrita ao mundo tecnológico da Internet, as “fake news” se propagam com rapidez e dificilmente são identificadas.

(D) A meia‐verdade pode ser mais perniciosa que uma mentira completa, justamente porque é composta indiferentemente de verdade e ficção, que o leitor aceita com facilidade em vez de pesquisar os fundamentos da notícia.

(E) As “fake news” são notícias divulgadas na Internet cujo conteúdo falso tem 70% a mais de probabilidade de ser detectado que o das notícias factuais, em acordo com pesquisas atualizadas.

2. Estariam mantidas a correção gramatical e a coerência do Texto caso se substituísse

(A) “coetâneo” por contemporâneo

.

(B) “prosperar” por fazer fortuna

.

(C) “adulteradas” por a respeito de traição

.

(D) “perniciosa” por inofensiva

.

(E) “paladino” por malandro

.

3. Assinale a alternativa em que a expressão destacada do texto não retoma um termo anterior.

(A) “‘Horrendo monstro de pés rápidos’”

(B) “essa antiga praga”

(C) “ao mais distraído consumidor de rumores”

(D) “ele existe”

(E) “à rumorosa sereia”

4. A palavra “truísmo” tem o sentido de “verdade evidente” ou “óbvia”, de “lugar comum”. Depreende‐se, do texto, que o “truísmo” a que o autor se refere no segundo parágrafo consiste no(na) :

(A) aceitação de que hoje em dia as indagações filosóficas ou religiosas, como a de Pilatos, perderam espaço, ainda que, contraditoriamente, se conte com muito mais recursos para buscar a verdade.

(B) reconhecimento de que uma meia‐verdade pode ser mais prejudicial que uma mentira.

(C) desejo humano de transformar as verdades desagradáveis (monstros) em mentiras sedutoras (sereias), que agradam às convicções pessoais para não se precisar abandoná‐las.

(D) percepção de que, no moderno mundo virtual, existem muito mais mecanismos para multiplicar rapidamente as notícias falsas que recursos para denunciá‐las, daí a acomodação geral das pessoas a essa situação.

(E) constatação de que as pessoas, mesmo com todas as acilidades tecnológicas à mão para reconhecer notícias falsificadas, parecem continuar se interessando pelas mentiras.

5. No trecho “A acreditarmos na pesquisa” , o sujeito da oração admite a mesma classificação do sujeito da oração:

(A) Éramos meu pai e eu.

(B) Gosto de chuva, Pedro.

(C) Como podia haver tantos interessados em mentiras?

(D) Anunciaram um fato indevido.

(E) Pede‐se silêncio a partir de agora.

6. Assinale a alternativa correta quanto à acentuação das palavras destacadas do texto.

(A) As palavras “Judeia” e “sereia” deixaram de ser acentuadas para obedecer ao acordo ortográfico em vigor desde 2016.

(B) As palavras “Virgílio” , “truísmo” e “distraído” recebem acentos pela mesma regra de acentuação.

(C) Em “têm”, é obrigatório o emprego do acento diferencial.

(D) As palavras “pés” e “nós” recebem acento para marcar a tonicidade da sílaba, em acordo

com a regra que também justifica o acento das formas verbais “desbancá‐la” e “desmascará‐la”.

(E) Se for acrescentada a terminação‐mente às palavras “filosóficos” e “idêntica” para formar advérbios, uma vez que são proparoxítonas, ainda assim manterão o acento.

7. Assinale a alternativa em que a reescritura de trecho do texto acarretou um desvio da norma culta de pontuação.

(A) Platão apregoou, na República, a disseminação de “nobres falsidades” como cimento social necessário para sua utopia...

(B) Caluniadores profissionais distribuíam misturas bem dosadas de notícias reais com ficções comprometedoras na Inglaterra e na França do século XVIII.

(C) Pilatos indagou a Jesus Cristo: “O que é a verdade?”

(D) Só o ascetismo mental nos salva dessa volúpia inata à espécie.

(E) Não somos inocentes, todos gostamos, de uma pitada confortável de imprecisão às vezes, de uma cálida meia‐verdade que nos afague as crenças.

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