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Texto 1
A destruição dos monumentos históricos Manifestantes aliam protestos antirracistas à destruição de monumentos em lugares públicos Junto aos protestos antirracistas que estão acontecendo pelo mundo, em decorrência da morte do segurança norte americano, George Floyd, cidadão negro que foi sufocado por um policial branco, em 25 de maio, uma outra manifestação está ocorrendo: a depredação e destruição de estátuas localizadas em ruas e praças. O primeiro alvo aconteceu em Bristol, sul da Inglaterra, em 07 de junho. Manifestantes de um ato antirracista derrubaram e depois jogaram em um rio, que corta a cidade, a estátua de Edward Colston. Depois de a estátua ser derrubada, alguns manifestantes colocaram o joelho sobre ela, numa clara referência à ação policial que matou o segurança norte-americano. A ideia atravessou o oceano e, em duas cidades norte-americanas, foi a vez da estátua de Cristovão Colombo sofrer vandalismo, na noite de terça-feira, 09 de junho, em Richmond e em Boston; nesta cidade, a estátua foi decapitada; naquela foi arrancada do pedestal e lançada no lago do Parque Byrd. Qual o motivo do ataque às estátuas? O que elas representam? Por que neste momento? Para responder às questões lançadas, é preciso conhecer um pouco do contexto histórico em que esses homens viviam. Edward Colston (1636-1721) fez grande fortuna, no final do século 17, como traficante de escravos. Estima-se que tenha negociado com a África Ocidental e transportado às Américas um total de 84 mil pessoas, entre homens, mulheres e crianças. Muitas dessas pessoas, devido às péssimas condições de transporte nos navios, morreram durante a viagem e foram jogadas ao mar. O explorador Cristovão Colombo (1451-1506), conhecido também como o “descobridor” da América (12 de outubro de 1492, data de sua chegada à ilha de San Salvador, hoje, Bahamas), foi alvo dos protestos porque, no século 16, era defensor da escravidão, e foi atribuída a ele, a responsabilidade pelo início do genocídio indígena na América. Em Richmond, capital do estado da Virginia, muitos manifestantes eram de origem indígena. Os protestos contra monumentos dedicados a pessoas ligadas ao contexto de escravagismo, segregacionismo e genocídio não ficaram restritos a esses lugares, espalharam-se pelo mundo afora. 0_49411003 SPFE 8 ano EF Vol4 MIOLO.indb 23 12/08/2020 19:25:12 24 CADERNO DO ALUNO Em São Paulo, a estátua do bandeirante Borba Gato tem sofrido ataques também; por essa razão, foram instalados gradis à sua volta e uma viatura da Guarda Civil Metropolitana permanece no local, 24h por dia. Homens que por suas ações foram homenageados, agora, justamente, devido a elas, têm suas estátuas destruídas, porque a sociedade mudou, clama por justiça, por igualdade de direitos e quer destruir qualquer homenagem a figuras de um passado que causa repulsa. Um mundo de igualdade de direitos é, sem dúvida, algo para o qual muitos deram a vida; entretanto, até que ponto é construtivo destruir esses monumentos? Não existe um perigo maior se esses monumentos e o que representam serem banidos da memória? É preciso lembrar que as ações feitas por esses homens não eram consideradas transgressoras, mas estavam de acordo com o período histórico em que viveram. A ordem social existente admitia tais feitos, isso não quer dizer que não havia vozes contrárias, porém sem forças para alterar o quadro social vigente. Os tempos mudaram, o que era aceitável antes, não é mais, nos dias atuais, ainda que muitos desejassem a volta dessa situação como normal. Para que essa situação não mais retorne, é importante que os monumentos sejam mantidos, não como homenagem, mas como um alerta do que eles representam. Um dos exemplos mais simbólicos de manutenção de algo representativo de um momento histórico é o campo de concentração de Auschwitz, o maior dos campos de concentração nazistas, situado na Polônia, que, ao término da guerra, poderia ter sido destruído ou, no local, ter-se erguido um monumento em memória às milhares de pessoas que lá perderam suas vidas. Em 1947, entretanto, o local foi transformado num museu. Mais de 30 milhões de visitantes, ao atravessarem o portão de entrada, avistam a placa posta sobre ele “Arbeit macht frei” (“o trabalho liberta”). A iniciativa do governo polonês teve a finalidade de que todos e, principalmente, as gerações futuras tomassem conhecimento do que fora feito e repudiem qualquer ação que possa criar condições de retorno do horror vivido por seres humanos naquele local. A UNESCO, em 2002, declarou as ruinas de Auschwitz como Patrimônio da Humanidade. Não seria esse o caminho para os monumentos que representam épocas e contextos? Estátuas, prédios, quadros e outros símbolos que fazem parte do patrimônio histórico, têm de ser preservados, estudados, para que toda a sociedade conheça, reflita e entenda os contextos de cada época e para que tais fatos não se repitam. É necessário que, a cada geração, solidifiquem ações que levem à igualdade entre os homens, conforme o artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade” 0_49411003 SPFE 8 ano EF Vol4 MIOLO.indb 24 12/08/2020 19:25:12 Língua Portuguesa 25 PARA SABER MAIS: George Perry Floyd Jr (14/10/1973 – 25/052020) afro-norte-americano, assassinado, em 25 de maio, em Minneapolis, por um policial branco que se ajoelhou em seu pescoço, numa abordagem por, supostamente, ter usado uma nota falsificada de vinte dólares em um supermercado. O fato desencadeou protestos contra o racismo nos Estados Unidos e no mundo. Manuel Borba Gato (1628-1718) foi um bandeirante que participou da expedição chefiada por Fernão Dias (o “Caçador de Esmeralda”). Partiram em 1674, na busca de esmeraldas de Sabarabuçu. Borba Gato andou pelas cidades de Sabará e Caeté, em Minas Gerais, e acabou encontrando um filão de ouro nas minas de Sabará. O movimento dos bandeirantes, ou bandeiras consistia em expedições, organizadas por particulares, que iam aos sertões a fim de capturar indígenas para uso de mão de obra escrava. Num segundo momento, uniram-se às expedições financiadas pela metrópole (Portugal), que tinham como propósito explorar o território na busca de riquezas. Os bandeirantes, em sua grande maioria, eram da região de São Paulo. Os que mais se destacaram foram: Antônio Raposo Tavares, Domingos Jorge Velho, Morais Navarro, Domingos Calheiros, Fernão Dias Paes, Manuel Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Silva, Pascoal Moreira Cabral e André Fernandes. Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou e promulgou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Para saber mais e ler o documento na íntegra:. Acesso em: 15 jun. 2020. Texto 2 Os monumentos históricos e a destruição Manifestantes aliam protestos antirracistas à destruição de monumentos em lugares públicos 11. jun.2020 às 10h15 Atualizada em 11 jun. 2020 18h30 Ouvir o texto Junto aos protestos antirracistas que estão acontecendo pelo mundo, em decorrência da morte do segurança norte americano, George Floyd, cidadão negro que foi sufocado por um policial branco, em 25 de maio, uma outra manifestação está ocorrendo: a depredação e destruição de estátuas localizadas em ruas e praças. O primeiro alvo aconteceu em Bristol, sul da Inglaterra, em 07 de junho. Manifestantes de um ato antirracista derrubaram e depois jogaram em um rio, que corta a cidade, a estátua de 0_49411003 SPFE 8 ano EF Vol4 MIOLO.indb 25 12/08/2020 19:25:12 26 CADERNO DO ALUNO Edward Colston. Depois de a estátua ser derrubada, alguns manifestantes colocaram o joelho sobre ela, numa clara referência à ação policial que matou o segurança norte-americano. A ideia atravessou o oceano e, em duas cidades norte-americanas, foi a vez da estátua de Cristovão Colombo sofrer vandalismo na noite de terça-feira, 09 de junho, em Richmond e em Boston; nesta cidade, a estátua foi decapitada; naquela foi arrancada do pedestal e lançada no lago do Parque Byrd. Qual o motivo do ataque às estátuas? O que elas representam? Por que neste momento? Para responder às questões lançadas, é preciso conhecer um pouco do contexto histórico em que esses homens viviam. Edward Colston (1636-1721) fez grande fortuna, no final do século 17, como traficante de escravos. Estima-se que tenha negociado com a África Ocidental e transportado às Américas um total de 84 mil pessoas, entre homens, mulheres e crianças. Muitas dessas pessoas, devido às péssimas condições de transporte nos navios, morreram durante a viagem e foram jogadas ao mar. O explorador Cristovão Colombo (1451-1506), conhecido também como o “descobridor” da América (12 de outubro de 1492, data de sua chegada à ilha de San Salvador, hoje, Bahamas), foi alvo dos protestos porque, no século 16, era defensor da escravidão, e foi atribuída a ele, a responsabilidade pelo início do genocídio indígena na América. Em Richmond, capital do estado da Virginia, muitos manifestantes eram de origem indígena. Os protestos contra monumentos dedicados a pessoas ligadas ao contexto de escravagismo, segregacionismo e genocídio não ficaram restritos a esses lugares, espalharam-se pelo mundo afora. Em São Paulo, a estátua do bandeirante, Borba Gato, tem sofrido ataques também; por essa razão, foram instalados gradis à sua volta e uma viatura da Guarda Civil Metropolitana permanece no local, 24h por dia. Homens que por suas ações foram homenageados, agora, justamente, devido a elas, têm suas estátuas destruídas, porque a sociedade mudou, clama por justiça, por igualdade de direitos e quer destruir qualquer homenagem a figuras de um passado que causa repulsa. Um mundo de igualdade de direitos é, sem dúvida, algo para o qual muitos deram a vida; entretanto, até que ponto é construtivo destruir esses monumentos? Não existe um perigo maior se esses monumentos e o que representam serem banidos da memória? É preciso lembrar que as ações feitas por esses homens não eram consideradas transgressoras, mas estavam de acordo com o período histórico em que viveram. A ordem social existente admitia tais feitos, isso não quer dizer que não havia vozes contrárias, porém sem forças para alterar o quadro social vigente. Os tempos mudaram, o que era aceitável antes, não é mais, nos dias atuais, ainda que muitos desejassem a volta dessa situação como normal. Para que essa situação não mais retorne, é importante que os monumentos sejam mantidos, não como homenagem, mas como um alerta do que eles representam. Um dos exemplos mais simbólicos de manutenção de algo representativo de um momento histórico é o campo de concentração de Auschwitz, o maior dos campos de concentração nazistas, situado na Polônia, que, ao término da guerra, poderia ter sido destruído 0_49411003 SPFE 8 ano EF Vol4 MIOLO.indb 26 12/08/2020 19:25:12 Língua Portuguesa 27 ou, no local, ter-se erguido um monumento em memória às milhares de pessoas que lá perderam suas vidas. Em 1947, entretanto, o local foi transformado num museu. Mais de 30 milhões de visitantes, ao atravessarem o portão de entrada, avistam a placa posta sobre ele “Arbeit macht frei” (“o trabalho liberta”). A iniciativa do governo polonês teve a finalidade de que todos e, principalmente, as gerações futuras tomassem conhecimento do que fora feito e repudiem qualquer ação que possa criar condições de retorno do horror vivido por seres humanos naquele local. A UNESCO, em 2002, declarou as ruinas de Auschwitz como Patrimônio da Humanidade. O prefeito de Bristol, Marvin Ress, pretende fazer o mesmo. Informou que a estátua de Edward Colston será recuperada, colocada num dos museus da cidade ao lado dos cartazes de protestos e do cartaz do movimento Black Lives Matter (“Vidas Negras Importam), a fim de que a história da escravidão e a luta pela igualdade racial possam ser mais bem compreendidas. Não seria esse o caminho para os monumentos que representam épocas e contextos? Estátuas, prédios, quadros e outros símbolos que fazem parte do patrimônio histórico, têm de ser preservados, estudados, para que toda a sociedade conheça, reflita e entenda os contextos de cada época e para que tais fatos não se repitam. É necessário que, a cada geração solidifiquem ações que levem à igualdade entre os homens, conforme o artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”
Encontre-nos nas Redes Sociais 1. Responda às questões, abaixo, com base nos Textos 1 e 2. a) Os textos apresentam predominantemente características
( ) narrativas. ( ) prescritivas. ( ) argumentativas. ( ) descritivas.
b) A linguagem do texto é ( ) formal. ( ) informal. ( ) regionalista.
c) O texto aborda vários assuntos polêmicos, mas dá destaque
( ) ao pedido de homenagem a heróis verdadeiros. ( ) à morte do norte-americano George Floyd. ( ) ao ataque às estátuas em lugares públicos. ( ) às manifestações antirracistas solicitando justiça.
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